Curiosidade Pergunta

POR QUE TANTOS ROMANCES HISTÓRICOS?

Pode ser afinidade com o ideal romântico de fuga da realidade. Um colega que leu O maior de todos afirmou que não se trata de romance histórico, mas apenas uma história ambientada no passado. Concordo com ele. Minhas histórias tratam da natureza humana, e dos conflitos entre o indivíduo e o meio em que ele vive. Na grande maioria dos casos, poderiam ser situadas em qualquer tempo e em qualquer lugar – com ajustes na caracterização das personagens, é claro – e eu escolho onde vou colocá-las, conforme o que eu entendo como necessidade da trama e conforme meus gostos pessoais.

Se Nicolaas (O canhoto) não fosse à Terceira Cruzada, podia ir à Primeira ou à Sétima, ou à Segunda Guerra Mundial, que faria pouca diferença. A história não é sobre a Cruzada, mas sobre a busca individual dele por si mesmo.

Talvez o que eu tenho de mais próximo de um romance histórico seja Construir a terra, conquistar a vida, em que a formação da cidade do Rio de Janeiro, com seus lugares e personagens, é parte importante da história e aparece com destaque, influenciando a vida das personagens fictícias. Mas mesmo essa história poderia acontecer em outro ambiente sem perda de características fundamentais.

A forma romance também poderia ser contestada. É verdade que comecei a escrever tentando me filiar a José de Alencar, autor de vários romances favoritos, mas, como nunca me importei em analisar a forma dos romances que li, também faço os meus sem essa reflexão. O leitor mais atento deste blog já deve ter percebido que me refiro a meus romances pelo termo história, que, a meu ver, abrange todas as formas de ficção narrativa. Uso história (com HIS), em vez de estória (com ES) pois história é mais abrangente, e engloba tanto a História real como as estórias fictícias. Então eu tenho histórias muito curtas, que agrupei com as poesias, por considerá-las “poesia em prosa”; histórias curtas, que eu considero contos; histórias longas e muito longas, que eu chamo de romances.